ÉPOCA: Dos filhos que você menciona ter tido, apenas o último deles, a menina Shiloh Nouvel, é sua filha biológica. Isso a faz ser diferente?
Angelina Jolie: Para ser honesta, eu achei que seria diferente, sim. Mas, no fim das contas, não é nada diferente, a não ser o fato de que ela se parece com o Brad (risos). O engraçado é que ela vai ser a mais diferente na família porque é tão loira e tem olhos tão azuis... Mas todos os meus filhos são interessantes da mesma maneira para mim. Todos vieram a mim de uma maneira diferente. Cada momento deles, seja o momento em que eu os conheci ou o momento do nascimento de minha filha, são igualmente importantes e interessantes para mim.
ÉPOCA: Então a experiência de estar grávida e dar à luz não lhe afetou tão fortemente.
Angelina Jolie: Não há nada de especial porque um filho é geneticamente parte seu e os outros nasceram de outras mulheres. Para mim, o mais legal de toda a gravidez foi o lado homem e mulher dentro de um relacionamento. Ver como Brad reagiu ao assistir o ultra-som pela primeira vez. Esse momento foi único. Por outro lado, quando eu vi a foto de Zahara antes de conhecê-la pessoalmente, foi muito, mais muito emocional para mim. São jornadas diferentes, mas com sentimentos muito parecidos.
ÉPOCA: Como você os cria?
Angelina Jolie: Como toda mãe. Quero que meus filhos sejam saudáveis e, sobretudo, quero que eles sejam mentalmente saudáveis, com uma ótima atitude sobre eles mesmos. Quero também manter o equilíbrio. Como a família anda crescendo, quero ter certeza de que ela está crescendo apropriadamente e equilibrada. Quero ter certeza de que, quando viajamos, o que é muito importante para mim, eles não se percam nesse lado mundano e que entendam que eles podem ser privilegiados por um lado, mas que, por outro, são crianças como quaisquer outras que visito e que, de vez em quando, eles vão estar com um bando de crianças que não têm TV e que passam o dia jogando futebol em terreno de chão batido e falando outro idioma.
ÉPOCA: O que você aprende com essas viagens pelo mundo?
Angelina Jolie: Trabalhar com refugiados é um privilégio e algo que me traz enorme felicidade. Em minhas viagens, conheci mulheres que sofreram muito e que são muito mais fortes que eu, muito mais capacitadas que eu, e as amo e as admiro. Ganho muito dinheiro de uma profissão que adoro fazer, mas gastar esse dinheiro em jóias nada significa para mim. Já poder construir uma escola me dá um grande contentamento, então trata-se de uma escolha extremamente fácil. Não me sinto especial por isso, mas bastante privilegiada por poder fazê-lo.
ÉPOCA: No começo de sua carreira, você tinha essa imagem de selvagem, doidona. Acha que amadureceu?
Angelina Jolie: Isso é muito engraçado. Pois eu acho que sou muito mais selvagem e doidona agora. Talvez, aos 20, eu era um pouco mais perdida e autodestrutiva. Todos nós temos períodos em nossas vidas em que nos encontramos um pouco perdidos, sem um senso real de propósito. Ou estamos absortos na dor de nossa própria angústia. Mas eu sou muito mais maluca hoje, pois faço escolhas mais específicas como ir a Washington fazer lobby com políticos de idéias que desprezo para que eles passem essa ou aquela lei no Congresso. Hoje eu acordo com um nível de pressão muito mais forte e que não existia antes. Sem esse tipo de propósito, aos 20 era muito mais fácil ser revoltada.
ÉPOCA: O seu ativismo social colocou seu lado de famosa no banco traseiro?
Angelina Jolie: Absolutamente, sim. Celebridade nunca foi uma coisa legal, para começo de conversa. Mesmo quando eu era jovem, não fazia nenhum sentido para mim que o foco da atenção estava em minha pessoa e não no trabalho que fiz. Eu adoro ser atriz e tenho sorte de fazer filmes que, algumas vezes, são divertidos e servem de entretenimento para toda a família. Mas às vezes quero fazer filmes que digam alguma coisa também, como a história de Daniel Pearl. Para ser honesta, uma das primeiras perguntas que faço ao receber um roteiro hoje em dia é: quanto tempo de filmagens e quanto tempo terei que ficar longe de meus filhos? (risos) Não tinha trabalhado por um bom tempo. O filme de De Niro tomou duas semanas de minhda vida e o de Daniel Pearl rodamos em seis semanas. É muito difícl me tirar de casa hoje em dia.