Em entrevista a ÉPOCA, a atriz Angelina Jolie fala da vida em família com Brad Pitt e seus três filhos e como ela equilibra o cotidiano com as ações humanitárias. Angelina é embaixadora da Boa Vontade da ONU
De musa dark e colecionadora de facas a embaixadora da ONU para refugiados. Assim foi a transformação de um dos maiores furacões de Hollywood: a atriz Angelina Jolie. Depois de sua fase gótica e alienada, Jolie amadureceu e se transformou na primeira superestrela do cinema - desde Mia Farrow e Audrey Hepburn - a chamar a atenção (de verdade, e não apenas num golpe publicitário) aos problemas dos refugiados nos Bálcãs, Afeganistão, Vietnã e Camboja, criando a moda das celebridades que agora abraçam causas sociais. Não bastasse isso, Jolie chegou às vias da beatificação do show biz ao adotar o menino cambojano Madoxx e a garota africana Zahara. O terceiro adendo a essa prole, a garota Shiloh Nouvel, foi produto biológico de sua criticada união com Brad Pitt, que teria se apaixonado pela atriz quando ainda era casado com Jennifer Aniston. Histórias de adultério, romance, viagens internacionais para campos de refugiados e um trio de belos filhos renderam ao casal o apelido de Brangelina e uma bizarra sanha dos paparazzi e revistas de celebridades não vista desde que Elizabeth Taylor colecionava diamantes de Richard Burton.
Depois de um período turbulento - e no qual o casal se negou a falar publicamente do romance -, Angelina parece ter baixado a guarda. Nesta entrevista exclusiva a ÉPOCA, a atriz falou sobre filhos, o romance com Pitt e a ordem mundial. Angelina, que estava toda vestida de preto, e ainda continua a ser a mulher mais sexy do planeta, só assusta em um detalhe: seus braços estão assustadoramente magérrimos.
ÉPOCA Online: O que há de Angelina Jolie em sua personagem
Angelina Jolie: Nada! (risos) Nunca interpretei uma mulher tão oposta à minha pessoa. Talvez no começo, quando ela é jovem, e mais louquinha e mais engraçada. Mas as escolhas que ela faz mais tarde como mulher e mãe não têm nada a ver comigo. Ela é muito elitista, o que não tem nada a ver comigo também. Ao longo do filme, ela vai ficando mais de mãos atadas, enquanto eu sou uma pessoa que não fica quieta caso seja ameaçada por qualquer coisa. O interessante de fazer uma personagem assim é assistir ao declínio dela, pois, no começo, ela tinha essa habilidade e potencial de ser uma mulher independente e interessante. Mas foi criada dentro de uma elite e o coração dela ficou nesse meio. É muito difícil interpretar alguém assim, mas ao mesmo tempo muito interessante. Tive que me preparar um bocado.
ÉPOCA Online: Foi difícil simpatizar com uma personagem assim?
Angelina Jolie: Muito. Meu primeiro instinto, e o que se tornou muito importante para mim durante as filmagens, foi suspender qualquer julgamento moral que eu teria sobre tal mulher. Não há como defender os atos dela e acho que o filme nem tenta fazer isso. O mais importante é que o romance dela com o garoto é o catalisador que a coloca nos braços de Barbara (Judi Dench). Esse é o grande drama. Quando entendi finalmente que Sheba era uma pessoa incrivelmente perdida, como uma bomba próxima a explodir, finalmente encontrei meu caminho na história.
ÉPOCA: Que tipo de preparação?
Angelina Jolie: Pela primeira vez em minha carreira eu tive um professor de etiqueta, o que é uma coisa hilária de se ter. Meu instinto todo é diferente do dela, desde a maneira que movimento minha cabeça. Naquela época, as mulheres eram mais tímidas, cheias de decoro. Uma mulher de hoje é mais direta. Imagine que tive de aprender a dobrar um guardanapo (risos). Outro aspecto interessante - e assustador - é como ela lida com o filho na casa dos outros. Ela fica falando ”Não toque nisso, não toque naquilo”. Isso é algo muito cruel para se dizer a uma criança, e jamais faria isso a um filho meu. Mas fazer isso nos anos 40 mostrava a seus vizinhos que você os respeitava ao trazer uma criança para dentro do lar deles.
ÉPOCA: Como é ser dirigida por Robert De Niro?
Angelina Jolie: Com ele, acho que voltei a me lembrar da verdadeira razão de ter decidido fazer filmes. Desde que comecei a ter filhos, eu vinha trabalhando muito pouco. Eram dois meses de trabalho e dois anos de férias (risos). Não sou muito fã das maquinações estratégicas da indústria para os filmes hoje