segunda-feira, maio 26, 2008

“Nunca fui tão maluca quanto hoje” - Parte 3


ÉPOCA: Qual é o segredo de um relacionamento de sucesso, como é o que você parece manter com Brad Pitt?
Angelina Jolie:
É você ter valores parecidos e lutar pelos mesmos ideais. É você ter uma opinião parecida sobre o certo e o errado. E ter respeito um pelo outro também.

ÉPOCA: O que mais a surpreendeu sobre seu companheiro?
Angelina Jolie:
Que ele é uma pessoa muito pé no chão. E se você conhecer a família dele, você vai entender isso também. Brad tem uma família que absolutamente o ama. Uma família amorosa e equilibrada, e muito cool. Naturalmente, você não se deixa mudar quando tem uma família dessa.



ÉPOCA:
E como Brad Pitt se sai como pai?
Angelina Jolie:
Ele é ótimo. Enquanto faço essa entrevista com você, é ele quem cuida das crianças (risos). Hoje cedo acordei e ouvi ele trocando as fraldas. As duas garotas ficaram prontas ao mesmo tempo e uma estava gritando pela mamadeira. Fiquei ouvindo aquele choro por quase cinco minutos, até levantar-me da cama. Um doce caos (risos).


ÉPOCA:
Os paparazzi não os deixam em paz. Isso deve ser um absoluto horror para vocês.
Angelina Jolie:
Você tem que entender que essa é um fase estranha, mas passageira. Tudo isso não tem nada a ver com a realidade ou com quem somos. Por alguma razão, a gente foi pousar num ponto onde existe um foco bizarro pela superficialidade, mas isso irá passar. A única coisa que é um pouco assustador é que a cultura de celebridades invadiu até os telejornais sérios das principais emissoras da TV. Você muda de canal, para a BBC, por exemplo, procurando notícias sobre Darfur e o que encontra? Um programa sobre paparazzi. E você se pega dizendo: mas o que é que é isso?! Tentamos não deixar que essas coisas afetem nossas vidas. Afeta a vida de nossas crianças, infelizmente. Zahara fica um pouco assustada com as câmeras.



ÉPOCA:
E como você explica essa sanha toda a eles?
Angelina Jolie:
E como você pode explicar uma coisa tão bizarra dessa para crianças?

ÉPOCA: Mas deve haver uma maneira, eles devem ficar curiosos, não?
Angelina Jolie:
Claro. Mas você não pode explicar a eles que nada mais faz sentido! Então a gente diz a eles que existem pessoas doidas (risos). Fazemos uma piada do tipo: olha os lunáticos que querem tirar nossas fotos. A gente não faz nenhum esforço em explicar que eles estão tirando fotos da gente para comercializá-las. Não posso e não quero explicar a eles que o mundo está focado em nossa família porque somos atores famosos. Isso não faz sentido e não é muito saudável para eles. Não posso levar Maddox ao Central Park e negar-lhe um sorvete porque tem dois homens escondidos atrás de uma árvore.


ÉPOCA:
Por causa de suas viagens internacionais e a exposição que seus filhos têm a diferentes culturas, como explica religião a eles?
Angelina Jolie:
Somos uma família muito espiritual. Já me disseram que eu sou humanista. Não sei o que isso significa, mas soa bem legal (risos). Mesmo que Brad e eu não tenhamos nenhum credo específico, estamos intereressados em todas as crenças e essa é uma razão que nos aproximou bastante. Discutimos muito como criar nossos filhos e a qual religião eles deveriam pertencer. Chegamos à conclusão de que deveríamos compartilhar todas as religiões em nossas viagens com eles, e também que deveríamos provê-los com os mais variados livros sobre povos e religiões. Desse entendimento e reflexão, cada um deles escolherá o caminho religioso próprio.

ÉPOCA: Você tem alguma fraqueza?
Angelina Jolie:
Tenho muitas. Brad dirá que eu sou muito compulsiva em fazer várias coisas ao mesmo tempo. Às vezes, ele pergunta se não podemos visitar um país e termos três dias para não fazermos nada, sem um campo de refugiados para as crianças visitarem. “Podemos sentar juntos por um minuto?”, ele diz (risos).



ÉPOCA:
Você acha que é possível resolver o problema da paz em países do Terceiro Mundo?
Angelina Jolie:
Acho que temos de endereçar as duas coisas ao mesmo tempo. Você não pode tentar erradicar pobreza e não lidar com questões como justiça ou segurança. Esse é um grande erro que vejo em minhas viagens. Eu já vi tantos refugiados que vão de volta para o Afeganistão e viram vítimas da violência. Em Darfur, por exemplo, houve uma situação em que alguém trouxe mochilas com suprimentos escolares às crianças locais e elas foram roubadas e torturadas. Estamos sempre lidando com um enorme nível de frustração até encontrarmos uma solução, que eu sei que virá.